terça-feira, 30 de maio de 2017

Entre as formas de se pensar e as maneiras de se viver

É sempre um prazer poder noticiar o sucesso de um ex-aluno. Rangel estudou comigo no UNI-BH e depois seguiu carreira acadêmica. Defendeu o mestrado e o doutorado e é professor de conceituadas instituições de Belo Horizonte. 
Seu livro baseado na dissertação de mestrado é este aqui:


Um estudo apurado sobre o concubinato nas Minas Gerais setecentistas, apoiado em sólida e vasta documentação e em extensas referências bibliográficas.

Hoje me chega a notícia de que sua tese doutoral enfim se torna pública com a edição de um novo volume:

 

Entre as formas de se pensar e as maneiras de se viver
A família mestiça e a vida familiar em Minas Gerais Colonial
 
O trabalho de Rangel acrescenta aporte relevante às experiências histórica da qual a sociedade brasileira é herdeira. Suas pesquisas enfrentam as relações étnico-culturais e sociais demarcadas pelo trânsito entre os grupos humanos que se reuniram nos territórios coloniais, integrando os diferentes agentes forjadores das sociedades mestiças, em Minas Gerais Colonial.

Destaca-se na obra a abordagem deliberada de observar os vestígios e fragmentos, oferecidos pelo tratamento de consistente documentação, através do que Rangel indica como “inversão do foco no olhar sobre as práticas de imposição familiar executada pelas autoridades eclesiásticas” sobre as famílias mestiças. Resulta daí uma ampliação de horizontes e a iluminação de um quadro muito mais complexo e dinâmico, mais coerente com as condições históricas das relações familiares.

Descobrimos as diversidades das formas de convívio e de papeis entre homens e mulheres como chefes, a sobreposição de funções de membros familiares, entre outras dinâmicas. As “histórias particulares, mas também coletivas” que nos apresentam o cotidiano de homens e mulheres viventes nas Comarcas do Rio das Velhas e do Serro Frio são muito mais do que uma amostragem da experiência histórica especificada. Ensinam aos que se debruçam sobre ela como as sociedades se inventam e reinventam fazendo de suas condições particulares instrumentos poderosos de viver.

Sobre o autor: Rangel Cerceau Netto é professor e editor de revista do Unibh. Doutor em História Social da Cultura pela UFMG. É autor de diversos livros e artigos científicos. Integra o Grupo de pesquisa sobre Estudos Africanos e História do Atlântico Negro. Tem Experiência nas áreas de História da América e do Brasil Colonial, História das Mulheres, História da Família, História da escravidão e das mestiçagens.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Novo autor - Pedroom Lane


Livro: Adução - O Dossiê Alienígena
Autor: Pedroom Lanne
Editora: Talentos da Literatura Brasileira
Gênero: Ficção-Científica, Space Opera, High Sci-Fi
Tema: Vida alienígena, evolução da espécie
Estilo: Novela, fantasia, paródia, odisseia
Total de páginas: 615
Público: Jovem e adulto
Linguagem moderada: 11 anos
Formato: impresso 
Capa: Kike EspinozaLançamento: Novembro de 2015

Sinopse :
Uma família está voltando de férias das Bermudas rumo a Miami quando durante o voo, plim! Algo acontece e eles acabam em outra dimensão, em uma Terra paralela habitada por seres que, ao nosso entender, são extraterrestres, mas que no decorrer da narrativa aprendemos não serem tão diferentes de nós mesmos. Socorridos por tais criaturas, a família inicia um duro aprendizado sobre a nova realidade em um mundo descrito por forças quânticas que nós ainda não compreendemos em sua plenitude, onde a existência é mais espiritual do que material.
Assim contextualizada, a obra pode ser observada como uma grande aventura verniana sobre "viagem no tempo", mais uma mirabolante história criada a partir da física relativista de Albert Einstein e a mecânica de Isaac Newton. Porém, antes que alguém possa imaginar que cruzar o tempo seja uma grande diversão, pelo contrário, de fato é muito pesaroso, portanto, a obra vai percorrer a questão psicológica de tal avanço, sendo as teorias de Sigmund Freud e Carl Jung outros elementos que compõem a aventura. Não obstante, transpor esse patamar, como conclama as filosofias de Francisco Xavier e Allan Kardec, impõe um desafio ao espírito.
Além de narrar um mundo futurista altamente tecnológico, o livro se foca na questão da adaptação de uma inteligência inferior a um patamar tão mais evoluído que só pode ser descrito como divino ou alienígena, dessa forma, mais do que uma simples novela de ficção-científica, o enredo vai se colocar como pano de fundo à paródia de nosso mundo atual e tudo aquilo que, sob o foco de uma concepção inteligente mais ampla, faz de nós humanos do século XXI uma sociedade bastante atrasada.

Mini-Biografia do autor:
Pedroom Lanne é webwriter, mestre em Comunicação Social, especialista em novas mídias e, sobretudo, Doom player, dinossauro da era dos BBS e amante fervoroso de ficção-científica de um modo geral, fã e apaixonado pela literatura do fantástico. Estreou como escritor romancista com a space opera “Adução", uma das mais densas e complexas narrativas de temática alienígena da literatura brasileira, que dá luz a sua escrita e aflora em palavras sua linha de pensamento: a fé e a utopia humana inseridas em cenário tão fantasioso quanto tenebroso, fruto da eterna dualidade entre a imaginação e a realidade.

Resenha de Roberto Fiori, escritor de sci-fi

Adução - O Dossiê Alienígena não é uma obra comum. Um livro de mais de 630 páginas, em que o autor imerge em um conjunto de conceitos verdadeiramente diferentes do que estamos acostumados a ler e ouvir. Explicações muito elaboradas permeiam este tour-de-force, um desafio para o autor e o leitor.
Adução nos fala de nós mesmos, uma possível evolução do Homem em homiquântico, um quadro que ocorre centenas de milhares de anos no futuro.

É uma obra que exercita a mente do leitor, como após cinquenta partidas de xadrez contra o computador. Quem escreve, percebe que, após elaborar uma história, complexa ou não, sua mente sofre modificações. O escritor torna-se mais atento, sua memória aumenta, seu raciocínio melhora, torna-se mais claro. O escritor possui cada vez mais capacidade de escrever melhor, consegue novas ideias, aprimora-se, tanto a língua em que escreve gramaticalmente, seja pela pesquisa nos variados temas interligados com sua obra.

Adução não é um livro chato. Quem já leu obras do famoso John Brunner percebe que elas não são nem bem escritas, nem foram bem elaboradas. Carecem de qualidade literária. O livro de Pedroom Lanne é um livro de fôlego. Apresenta ideias complexas e avançadas, como se o autor aplicasse seus conhecimentos de física quântica em um plano totalmente novo e original. 

É uma extrapolação, uma nova faceta que o autor desenvolve. O português é correto, seu vocabulário é bom. É necessária uma dose de paciência e imersão na história, nada banal. Mas quem leu a obra sempre terá algo novo e melhor a acrescentar à sua experiência de vida, uma vez que neste livro somos convidados a participar de explicações muito exóticas e avançadas. Pode-se comparar tal livro às obras complexas de  Asimov e Clarke, com a diferença que em Adução, o texto é hermético, mais fechado e simbólico do que as obras dos mestres.

Quem leu este livro terá sua mente mais aguçada, mais penetrante, do que antes de ler a obra. Parabéns, Pedroom, você cumpriu com as expectativas!


No endereço a seguir tem um making-off do livro com mais resenhas e entrevistas:
http://www.pedroom.com.br/portal/weblog/aducao.htm

sexta-feira, 19 de maio de 2017

"Malakay" - o romance que aborda o tráfico de crianças

Entrevista com o autor Dariel Alves Pacheco

Nascido em Uberlândia (MG), Dariel Pacheco é apaixonado por leitura, literatura e poesia. O gosto pela leitura veio cedo graças à indicação de seu grande amigo de infância Rodrigo Batista, que o acompanha até hoje e o ajuda a compor suas histórias. O primeiro livro lido,O mundo de Sophia, abriu uma janela para um mundo de ideias.

“Fizemos um estudo em vários veículos da mídia e notamos que o fato, mesmo sendo alarmante e real, é pouco abordado.” 

  Boa Leitura!

Escritor Dariel Alves Pacheco, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos o que o inspirou a escrever “Malakay”?
Dariel Alves Pacheco – A inspiração veio pelo gosto da leitura; sempre gostei de livros dos mais diversos temas: aventura, ficção, romances. Adoro analisar os traços de leitura, o modo como cada escritor faz sua dissertação. Logicamente que alguns fatos ocorridos na minha vida colaboraram para esta aventura.

Descreva o enredo que compõe a obra.
Dariel Alves Pacheco –O livro conta as aventuras de Dominic, um web designer que tem uma vida comum, mas devido a um fato inusitado ele se vê em meio a uma rede de tráfico de crianças por membros da Igreja. Em suas aventuras, Dom conhece várias pessoas interessantes, como o policial Gregory. Dom descreve suas aventuras amorosas, e também seu lindo amor por sua primeira namorada, Solaris. Em uma aventura de tirar o fôlego, Malakay traz a triste realidade sobre o tráfico de crianças, existente no mundo.

De que forma o tráfico de crianças está sendo abordado na obra?
Dariel Alves Pacheco – Fizemos um estudo em vários veículos da mídia e notamos que o fato, mesmo sendo alarmante e real, é pouco abordado. Com base em alguns artigos enaltecemos os fatos e os enquadramos em meio ao enredo, para que de certa forma sirva de “puxão de orelha” para nossas autoridades e também para nossa sociedade.

Quais os principais desafios para escrita de “Malakay”?
Dariel Alves Pacheco – O maior desafio foi como enquadrar os fatos no enredo. Para não ficar tão científico e monótono e não ter cara de livro investigativo, como destacado, toda a parte que envolve a questão religiosa é uma fábula, criada apenas para aumentar a aventura da história.

Leia mais clicando no link abaixo:
http://portalliterario.com/entrevistas/entrevistas-brasil/304-trafico-de-criancas-e-abordado-atraves-de-malakay-escrito-pelo-autor-dariel-alves-pacheco

Novo número da revista InComunidade

Já está publicado o número de maio da revista InComunidade, voltada, essencialmente, à literatura brasileira e portuguesa.

Pode ser acessado aqui: 
http://www.incomunidade.com/v56/index.php

São muitos artigos, valiosos! Vale a pena ler!
A capa traz o famoso quadro de Volpedo, "O quarto Estado", remetendo a um artigo publicado neste número.


sexta-feira, 12 de maio de 2017

O fermento e o tempo - Uma nova autora na praça


Mais uma autora nova, Almira Reuter.

Seu livro O Fermento e o Tempo é uma autobiografia e a simplicidade da narrativa encanta a cada página, quando ficamos conhecendo as peripécias, as vicissitudes, as contradições de uma personagem de vida extremamente ativa.

Antes de se aventurar pela escrita, Almira dedicou-se à pintura, de forma autodidata e hoje já conta, em seu currículo com 13 exposições individuais e dezenas de coletivas, inclusive no exterior. Recebeu vários prêmios por seus trabalhos artísticos.

E como chegou a esse ponto é o tema fundamental de seu livro. Ali ficamos conhecendo sua família, seu casamento feito e desfeito, e de que maneira ela se encaminhou para o mundo artístico.

Linguagem clara, gostosa de ler. Eu li e recomendo.

Pode ser adquirido por 30.00 reais via Pagseguro.

Eretos - O primeiro livro de Sonia Nabarrete



Editora Alink lança a novela-paródia Eretos

No próximo dia 20 de maio, das 16h às 19h30, a Editora Alink lança a novela Eretos,no Sensorial Cervejas e Discos, à rua Augusta, 2.389, nos Jardins, em São Paulo. Escrita por Sonia Nabarrete, Eretos é livremente inspirada no clássico romance de suspense E não sobrou nenhum (O caso dos dez Negrinhos), de Aghata Christie, com fortes doses de humor e erotismo.  O livro já está em pré-venda no site da editora: www.alinkeditora.com.br

Pessoas envolvidas em assassinatos são reunidas em um uma ilha na costa pernambucana, com a expectativa de concorrer a um prêmio milionário. Mas começam a ser mortas em meio a manifestações de priapismo, que é a ereção peniana dolorosa e prolongada,  mesmo sem desejo sexual. Nas mulheres acontece transtorno equivalente, o clitorismo, que provoca dor e aumento anormal do clitóris.

Eretos é a terceira novela da coleção Quimeras, da Editora Alink, antecedida por Tristorosa, de Eugen Weiss, e De âmbar e trigo, de Nanete Neves, ambas à venda no site da Alink. 

Serviço:
Lançamento da novela Eretos, de Sonia Nabarrete
Local: Sensorial Cervejas e Discos: rua Augusta, 2.389, Jardins, São Paulo
Horário: das 16h às 19h30
Valor: R$35,00
Cartões: aceita todos

 A autora: 



Paulista de São Caetano do Sul, Sonia Nabarrete é jornalista. Participou das antologias de contos: A arte de enganar o Google; Quem conta um conto; Um circo de percalços falsos - Guia para a Bibliotecária das Galáxias; O outro lado da notícia; e, por duas vezes, da Coletânea do Concurso de Microcontos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Participou também de Bad Girls (contos) e Erosário (poesias), ambos de conteúdo erótico, lançados em Portugal, e da antologia poética Hiperconexões – realidade expandida. Publicou contos nas revistas Vacatussa e Sexus. A novela Eretos é seu primeiro livro.


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Baseado em fatos reais surge “Up & In New York – Apontamentos de viagem” do autor Gilmar Duarte Rocha


Gilmar Duarte Rocha, romancista brasileiro, natural do estado da Bahia, terra da magia, do cacau e de escritores célebres como Jorge Amado, Castro Alves, João Ubaldo Ribeiro, Antonio Torres e Adonias Filho, é autor de cinco peças de ficção “compostas a ferro, fogo, suor, paralelamente com muita sinceridade, sensibilidade e inspiração”, segundo ele próprio comenta.
O escritor é formado em Economia, Análise de Sistemas e Engenharia de Software, embora seu desejo, desde criança, sempre foi criar sonhos sob a forma de arte e letras. Considera-se contador de história, autor de delírios, edificador de enlevos e arquiteto de fantasias. Seu próximo livro, Up & In New York – Apontamentos de Viagem, com lançamento previsto para meados desse ano, é a sua primeira incursão no terreno não-fictício.

“Diria que noventa e nove por cento e meio são fatos reais (risos). Os outros 0,5% deixo para o amigo leitor pescar no oceano de deslumbramentos. Para falar sério, narrei fatos verídicos apimentados e recheados com temperos da verve romântica.”

Boa Leitura!


Gilmar Duarte Rocha, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos qual o seu objetivo ao publicar o livro “Up & In New York – Apontamentos de viagem”?
Gilmar Rocha - O prazer é todo meu. Compor esta obra não fazia parte dos meus planos, ainda que no passado tenha feito um pacto comigo mesmo de que escreveria algo na primeira vez que colocasse os pés fora do Brasil. Aconteceu que o primeiro destino internacional foi Nova York, e pôr os pés na capital do mundo sem sair impregnado de fascinação é realmente muito difícil. Precisava compartilhar essa irradiação com os amigos. Fiz isso sob a forma de letras.


Quais locais estão sendo apresentados por meio das crônicas apresentadas nesta obra?
Gilmar Rocha - O foco do livro não é a descrição de lugares, pois a literatura sobre as atrações nova-iorquinas é vasta e sortida. Seria redundância e desperdício de tempo se me ativesse apenas à apresentação de prédios, parques e monumentos, que são pródigos e magníficos, por sinal. Cheguei à cidade não apenas na condição de turista; cheguei como uma espécie de expedicionário cultural, um minerador que esmiuçou particularidades; um desbravador que gastou mais de uma hora tentando entender detalhes da intrigante arquitetura da igreja Saint Patrick, um pequeno exemplo. A obra é, portanto, produto direto de revelações e epifania.

O livro é composto por quantas crônicas?
Gilmar Rocha - Vinte e cinco crônicas, mais o prefácio.

Temos mais de uma crônica abordando um mesmo local?
Gilmar Rocha - Sim. O The Leo House Hotel teve espaço em dois textos. Foi a casa onde me hospedei durante toda a temporada e pela qual adquiri um carinho especial, seja pela forma como fui tratado, pelo jeito hospitaleiro que me acolheram, ou simplesmente pela magnífica localização do pequeno e tradicional estabelecimento hoteleiro de Manhattan.

Os textos são baseados em fatos reais ou fictícios?
Gilmar Rocha - Diria que noventa e nove por cento e meio são fatos reais (risos). Os outros 0,5% deixo para o amigo leitor pescar no oceano de deslumbramentos. Para falar sério, narrei fatos verídicos apimentados e recheados com temperos da verve romântica. Há uma crônica, em especial, sobre o dia em que me deparei com uma ratazana num beco atrás da famosa Rua Tin Pan Alley. O roedor não saiu de minha cabeça por algum motivo, seja pelo tamanho desproporcional, seja pelo fato de Manhattan ser sinônimo de limpeza e profilaxia. Tinha que colocá-lo no texto. No entanto, falar secamente sobre a existência de ratos em Nova York seria uma pobreza de espírito de dar dó. Paramentei, então, a narração desse apontamento com metáforas e prosopopeias.

Quais os principais desafios para a escrita dos textos?
Gilmar Rocha - Manter a sinceridade nos comentários, analogias e inferências que teço em cada crônica. Logo no prefácio faço questão de salientar que o livro é desprovido de cunho político, pois o nosso país ainda possui uma democracia incipiente e o nosso povo carece cada vez mais de educação. Então qualquer coisa que a gente observa, analisa e opina pode ferir suscetibilidades e correr o risco de ser tachado como escritor engajado, embora minha vontade fosse essa, de ser rotulado como literato envolvido numa causa política honesta, feita por pessoas sérias e preocupadas em dar a essa federação um conceito mínimo de civilização. Tem ainda outro aspecto importante: esse é o meu primeiro livro não-fictício. Foi um autêntico parto compô-lo, visto que, diferentemente dos romances, onde posso transgredir e “viajar”, um livro desse gênero requer o cumprimento de regras e ser bastante coerente, sob o risco de cometer veleidades.

O que mais o encanta nesta obra literária?
Gilmar Rocha - A espontaneidade do texto. Tudo é muito puro e sincero. Nada é maquiado.

O livro está disponível em e-book; pensas em disponibilizá-lo impresso?
Gilmar Rocha - Em princípio sairá em formato impresso, em edição primorosa da Editora Chiado, sediada em Lisboa, Portugal. Logo em seguida, devo lançá-lo em modelo e-book. A publicação de livros virtuais é cada dia mais imperativo, embora eu ainda prefira degustar obras de ficção – principalmente – na boa e velha forma de papiro.

Quem desejar, como deve fazer para comprar o livro?
Gilmar Rocha - Recomendo aos leitores do Brasil, Portugal e da comunidade lusófona acionar o site Mercado Livre (www.mercadolivre.com.br), Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br) e Livraria Saraiva (www.saraiva.com.br). Posteriormente serão divulgados outros pontos de venda, mormente em Portugal e outros países.

Quais os seus principais objetivos como escritor?
Gilmar Rocha - Satisfazer à minha alma. Escrever tornou-se uma necessidade premente para mim e uma razão de viver. Reconhecimento público, benefícios pecuniários e coisas afins virão em segundo plano. Se vierem. Ficarei imensamente feliz se souber que um grupo de crianças de um subúrbio de Luanda ficou satisfeito em ler alguma coisa minha. Por falar em jovens interessados por leitura, posso adiantar para todos que o próximo livro será de ficção científica, bem diferente de todo o lixo do gênero que jogam no mercado todos os anos. Será um livro dedicado aos moços de todas as idades.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Gilmar Duarte Rocha. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Gilmar Rocha - Primeiramente agradeço de coração a vocês da Divulga Escritor pela cortesia e oportunidade ímpar que estão me oferecendo. Para os leitores fica a recomendação de que o livro Up & In New York vale a pena ser lido, e a promessa de que outros bons escritos virão num futuro não muito distante. Guardem o meu nome com carinho. Um abraço a todos.

por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Divulga Escritor, unindo Você ao Mundo através da Literatura

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Bernardo Guimarães, história e tradições





Por Antônio de Paiva Moura

GUIMARÃES, Bernardo. História e tradições da província de Minas Gerais [1872] Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976.

            O autor
            Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu em Ouro Preto, em 1815 e faleceu na mesma cidade, em 1884. Era filho do poeta João Joaquim da Silva Guimarães e de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães.
Neste livro Bernardo Guimarães narra três contos populares correntes em Minas Gerais no período provincial, no qual viveu o autor. São eles: “A cabeça do Tiradentes”, “A filha do fazendeiro” e “Jupira”. 
            Trata-se de uma obra propositadamente esquecida por críticos literários e editores. Somente um século depois da primeira edição é que veio a público a segunda. Possivelmente, o desprezo a essa obra advenha do fato de parte da intelectualidade não dar valor às tradições orais, aos contos populares. O próprio Bernardo justifica o rumo que toma no conto “A filha do Fazendeiro”, dizendo que o leitor espera no seu enredo “Um terrível duelo. Isso seria, por certo, mais dramático e talvez mais sublime. Mas eu conto uma história, e não invento um conto: quero os fatos com fidelidade, saídos de minha memória, tais quais nos contaram há bastante anos”. Nessa obra, como em outras, Bernardo quer ser contador de casos. 

O sumiço da cabeça de Tiradentes
Na versão tradicional corrente no povo de Ouro Preto é de que, após a execução de Tiradentes, seu corpo foi esquartejado e sua cabeça colocada em uma gaiola, presa a um mastro, na atual Praça Tiradentes. Ali deveria permanecer até ser aniquilada pelo tempo. Em pouco tempo, a cabeça exposta desapareceu do seu lugar.  Alguns amigos de Tiradentes resolveram roubar a gaiola com a cabeça. Conferenciou-se quanto à melhor maneira de enganar a vigilância portuguesa. A primeira reunião, segundo se diz, teria sido no prédio onde existe hoje o Hotel Pousada Ouro Preto.  Numa noite fria e nevoenta, o guarda foi assaltado por dois homens mascarados. Enquanto um, a sangue frio, estrangulou o soldado português, outro aproveitou para desaparecer com a gaiola e o seu terrível conteúdo. A cabeça de Tiradentes foi cuidadosamente embalsamada, antes de ser colocada numa urna de pedra, hermeticamente fechada, depois de todas as cavidades do crânio e os demais vãos da urna terem sido preenchidos com ouro em pó.
Na versão de Bernardo Guimarães, um vulto rebuçado surgiu por entre as trevas e se aproximou cautelosamente do tremendo poste. Com uma comprida vara que trazia, fez saltar do poste a caveira. Apanhou-a rapidamente, sem que o sentinela o visse. Indagado sobre a ausência da cabeça, o guarda, para não revelar seu cochilo, disse que viu um ser estranho voando com a cabeça do mártir. Muito tempo depois, os moradores da Rua das Cabeças viram, pela fenda da porta, um velho venerando, sozinho uma caveira. O velho passou a ser visto como uma figura estranha e misteriosa. Com a morte do velho, sua casa foi vasculhada e nunca mais a caveira foi vista.
Na primeira versão prevalece um sentido ideológico dos raptores da cabeça de Tiradentes. Na versão de Bernardo Guimarães sobressai a figura do velho e sua psicopatia. 

            Jupira
            “Jupira” é a história de uma jovem índia que viveu na floresta e na cidade, mas ao invés de ternura e felicidade o guerreiro, como Iracema de José de Alencar, ela era cruel com os pretendentes ao seu amor. O cenário da novela é nas margens do Rio Verde, afluente do Rio Grande, onde3 havia um seminário, em Campo Belo. Esse seminário era uma extensão do colégio do Caraça, no qual estudou o autor.
            Jupira era filha de José Luis, funcionário do seminário, com Jurema, índia que vivia nas matas no entorno do dito seminário. Até Jupira completar dois anos di idade, o casal vivia em casa próxima ao seminário, quando Jurema resolveu fugir para a mata levando a filha. Seis anos depois da fuga, Jurema resolveu devolver Jupira ao pai. José Luis, pensando em ter um rico pretendente para a filha, criou-a confinada e vigiada até sua adolescência. Novamente escapuliu para a mata e foi viver com a mãe na tribo de origem, quando o cacique Baguari passou a assediá-la. Depois de muitas tentativas de rapto de Jupira, ela acabou matando Baguari com flechadas quando este nadava no Rio Verde.  De volta à casa do pai, enamora-se de seu primo e ex-sentinela Carlito. Pouco tempo depois Jurema percebeu que seu amante a traia com uma jovem vizinha. Enfurecida, Jupira aproveitou-se da atração de Quirino, pretendente anterior e determinou a esse que matasse Carlito. Terminado o assassinato em presença de Jupira, ela revelou a Quirino que iria se entregar a ele, em pagamento daquele serviço. Quando Quirino abraçou Jupira, ela cravou-lhe o punhal nas costas e disse a ele que a única pessoa que havia amado era Carlito. Em seguida, embrenhou-se na mata e desapareceu para sempre. 

A filha do fazendeiro
            Bernardo diz que “A filha do fazendeiro” foi uma história que o morador de um lugarejo no município de Uberaba, havia lhe contado, em volta de uma fogueira, no rancho de um tropeiro. Nesse lugarejo havia uma fazenda, uma capela e um cemitério que causavam assombro a quem por lá passasse.
            Um grande fazendeiro viúvo tinha uma filha de nome Paulina. Era moça bela, fina e educada em colégio de São João Del Rei. Próximo a uma derrubada de mata para lavoura, havia um rancho no qual uma negra fazia a comida para os escravos. Acompanhando o pai na inspeção da derrubada, Paulina ficou no rancho em companhia da cozinheira. Inesperadamente, uma grande onça pintada, perseguida por cães, entrou no rancho. Escravos, Roberto e senhor Ribeiro, pai de Paulina correram para acudir a moça, mas Eduardo, um viajante que estava por perto, chegou primeiro e atirou na onça. Antes de morrer a onça arrancou com a pata um pedaço do peito de Eduardo que foi conduzido como herói e socorrido na fazenda do senhor Ribeiro.
            Roberto era sobrinho do senhor Ribeiro, apaixonado por Paulina. Mas era um rapaz muito rude. Percebe que o senhor Ribeiro e Paulina cuidavam de Eduardo com todo zelo. Demonstrando ciúmes, passa a atacar Eduardo dizendo que ele era um comerciante de animais de carga e que não era honesto. Nenhum argumento de Roberto convenceu Paulina que passou claramente demonstrar interesse por Eduardo e preterir Roberto. Por outro lado, Eduardo estava dividido entre Paulina e Lucinda, noiva que havia deixado em Franca SP.  Roberto ameaçou Eduardo com uma faca e este jurou ao mesmo que nunca mais procuraria Paulina. Quando Eduardo se restabeleceu e voltou a Franca, Lucinda havia se casado com outro, pensando que o noivo jamais sairia da fazenda do senhor Ribeiro. Para esquecer Lucinda, Eduardo foi comerciar uma grande quantidade de mulas em Taubaté.
            Desde que Eduardo havia partido da fazenda, Paulina adoeceu sentindo sua falta. Ribeiro pensou que se a filha se casasse com Roberto, ela recuperaria sua saúde Embora tivesse ficado noiva de Roberto, esse recurso não surtiu efeito. A moça continuava cada vez pior. De Taubaté, Eduardo foi para Uberaba na esperança de se encontrar com Paulina. Paulina sofria constantes desmaios e ficava cada vez pior. Por isso Ribeiro mandou buscar um médico em Uberaba. No lugar do médio veio o padre que também atuava como médico. Senhor Ribeiro e o padre tentaram persuadir Eduardo no sentido de quebrar o juramento e se declarar a Paulina, na tentativa de salvá-la da morte. Eduardo então disse: Jurei, senhor Ribeiro, e não sou homem que falte ao meu juramento por motivo nenhum deste mundo. Acima de tudo está a honra e consciência. Só quebrarei o juramento com o consentimento de Roberto.  
            Roberto percebeu que não tinha chance de se casar com Paulina, mas certamente iria se sentir culpado pela sua morte. Montou em seu cavalo e foi a galope para casa. O padre médico continuava na fazenda tentando recuperar Paulina. No dia seguinte o padre permitiu que Eduardo ficasse a sós com Paulina. Ela disse que se sentia melhor com a presença dele. Enquanto isso, Ribeiro recebeu uma carta do pai de Roberto dizendo que ele havia se suicidado. Antes de morrer havia concordado que Eduardo quebrasse seu juramento. O pai de Paulina e o padre foram ao seu quarto comunicá-la o acontecimento. Em seguida, abraços, beijos e juras de amor eterno. Com pouco, Eduardo percebeu que ela se desfalecia e acabou morrendo em seus braços.
            O padre não permitiu que o corpo de Roberto fosse enterrado em cemitério sagrado, mas sim a 500 metros da fazenda. Paulina foi sepultada próxima à fazenda, em local consagrado pelo padre. Próximo ao túmulo de Paulina, Ribeiro construiu uma capela. Com o tempo a fazenda ficou abandonada. A alma penada de Roberto perturba a todas as pessoas que passam por lá.
            Neste conto Bernardo narra com fidelidade o valor da palavra dada. O compromisso verbal valia mais que qualquer registro cartorial. O prestígio e a grandeza de uma pessoa eram medidos pelo grau de cumprimento da palavra.  “Fulano é uma pessoa de palavra”. “Beltrano não tem palavra”. Além disso, a obra registra os modos de vida no século XIX, como o prestígio dos fazendeiros ricos; as múltiplas funções do padre; a preferência por quem pratica atos heroicos.

Antônio de Paiva Moura é mestre em história e professor de história da arte na Escola Guignard – UEMG.

Publicado na Revista da Comissão Mineira de Folclore, Belo Horizonte, n. 29, ago. 2016.